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Rumo à Tela

Em 2021, com a permanência pandêmica e o contexto de isolamento social, a Asbrinc iniciou um trabalho voluntário na Casa de Acolhida do Catete, instituição de acolhimento para adolescentes e jovens com histórico de violação de direitos. Denominado Rumo à Tela, o projeto oferece oficinas de audiovisual, incluindo apresentação de filmes com conteúdos de relevância social e oficinas de fotografia, com foco no investimento da autonomia pessoal, expansão do universo cultural e reinserção social dos jovens em situação de acolhimento institucional. 

A cidade do Rio de Janeiro produz diariamente espaços de agravamento das situações de violações de direitos, principalmente em função da configuração desigual da cidade, com discrepâncias expressivas entre as famílias cariocas. A vivência nas áreas mais pauperizadas da cidade, acrescida do longo período de pandemia que o país ultrapassou, intensificaram a fome, a miséria e o aumento no índice de alcoolismo e violência nas famílias, o que contribuiu para a exposição dos adolescentes às diversas formas de agressão e de abuso, levando-os a evasão escolar, a busca da sobrevivência nas ruas, as múltiplas formas de exploração, violência e fragilização do seu processo de desenvolvimento.

 

Seja em condição de rua ou em ambiente familiar hostil e violador, a permanência em abrigos representa, em muitos casos, a modalidade de atendimento mais indicada pois permite acolhida segura, garantindo os cuidados básicos que toda adolescente precisa para se desenvolver, zelando pelo reestabelecimento de vínculos comunitários e familiares, embora essa modalidade de atendimento  precise de mais atenção e de políticas públicas associadas como  aquelas que se dirijam aos cuidados dos valores, da auto-estima, da fraternidade e do respeito aos direitos básicos. É nesse vácuo que nosso projeto incide.

O respaldo jurídico no atendimento a este público está amparado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA/1990), pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) e pela Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009), os quais normatizam as medidas protetivas, os cuidados e intervenções necessárias para prevenir e atender as famílias que vivenciam violações de direitos.

Na avaliação das atividades do Rumo à Tela, os dirigentes das instituições de acolhimento partilharam que ocorreram mudanças positivas no cotidiano dos jovens e adolescentes, demonstradas através do interesse na temática cultural, que demandou a compra de livros, filmes e mais passeios culturais, como também na condução das situações cotidianas e nas manifestações sócioafetivas dos mesmos e ainda na diminuição de ocorrências de evasão durante o período de oferta do projeto. 

 

Em dezembro de 2021 este trabalho recebeu o Certificado de Reconhecimento Social concedido pela Secretaria Municipal de Assistência Social através da Subsecretaria de Proteção Social Especial da cidade do Rio de Janeiro

Em 2022, graças ao financiamento da Casa Madre e Sociedade Brasileira do Sagrado Coração de Jesus e a parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social, o projeto foi ampliado para atender cinco casas de acolhimento fornecendo oficinas de teatro, audiovisual, novas tecnologias e passeios culturais.

 

A Casa Viva Del Castilho foi a casa de acolhida que inaugurou a nova fase do projeto. Entre setembro e novembro de 2022 o Rumo à Tela ministrou oficinas técnicas de fotografia e audiovisual, e ainda oficinas bônus de  teatro e novas tecnologias, e auxiliou os adolescentes na produção dos seus projetos de conclusão: a gravação da música ''Soldado'' (composição de um dos adolescentes da casa) e a produção do videoclipe da música. A produção dos jovens foi exibida em evento de culminância na Nave do Conhecimento do Engenho de Dentro, que contou com a participação do artista plástico e muralista Mano Benke, que ofereceu uma palestra sobre as suas trajetória pessoal e profissional, incentivando os jovens a seguirem atrás dos seus sonhos.

Em seguida, o Rumo à Tela partiu para a Casa Viva Bangu, que teve como produto final uma exposição de desenhos, inspirados na criação dos artistas urbanos OSGEMEOS, após a visita dos jovens na exposição dos artistas no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, o evento de Culminância realizado também na Nave do Conhecimento, contou com a participação do artista plástico Cazé e do pesquisador Pedro Rajão, fundadores da iniciativa de arte urbana Negro Muro, que faz homenagens a personalidades negras em muros do Rio de Janeiro. Os profissionais conversaram com os jovens sobre os desafios do trabalho artístico, também os motivando a conquistar seus objetivos. 

A terceira casa atendida foi a Casa Viva Penha, onde as meninas abrigadas desenvolveram um videoclipe e gravação de um cover da música Dona de Mim da cantora Iza. A produção contou com a participação de todas as meninas, seja dançando, tocando violão ou cantando, e o resultado foi exibido em evento de Culminância na Nave do Conhecimento Penha. 

A quarta casa atendida foi a Unidade de Reinserção Social (URS) Raul Seixas, e teve como produto final um filme documental desenvolvidos pelos jovens e adolescentes, que retratou o cotidiano deles em situações comuns como arrumar o quarto, lavar roupa, jogar bola, fazer musculação e ainda os momentos de descontração com muita música e danças. 

 

O resultado do projeto não poderia ter sido mais exitoso, com engajamento total dos jovens adolescentes, que demonstraram muito interesse no fazer audiovisual e fotográfico, além de notórias mudanças no comportamento e na interação dos mesmos. Um dos jovens abrigados seguiu com o sonho de atuar no meio artístico, fechando parceria com uma produtora musical para gravação de suas musicas autorais e divulgação, enquanto outra jovem que despertou interesse em fotografia, conseguiu trabalho na área de ensaios fotográficos. Essas e outras histórias são resultado do impacto positivo do trabalho do Rumo á Tela na vida de jovens e adolescentes que muitas vezes se encontravam sem perspectiva, sem ânimo e sem autoestima para até mesmo para sonhar e acreditar em novas possibilidades. 

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